Um gordo de raiz no spa – dia 1: a balada da meia maçã
Crônica originalmente publicada em 18 de março de 2010 no Papo de Gordo.
A chegada ao spa foi tranquila. Tendo aprendido minha lição na vez anterior em que aqui estive, não bebi a água do quarto. Infelizmente, não tive tempo hábil de preparar meu estômago antes da viagem e cheguei por aqui sem muitas reservas para aguentar o dia.
O “dia zero” chegou a ter um almoço que mostrou que ainda tenho muito o que aprender: Conheci a Endívia! Não, não é uma senhora gorda de 87 anos solteira e virgem, mas uma folhagem estranha que tem gosto de alface azedo. Se Endívia fosse a tal velhinha hipotética, seria mais apetitosa.
Passei pelas verificações clássicas: Peso (145 kg), altura (1,82 m), fome (absurdamente gigantesca) e dicas de alimentação saudável (devidamente ignoradas). Lanchei um delicioso sanduba de brócolis (todos sabem que estou sendo irônico, certo?) e um peito de frango anão grelhado que consegui no lugar da sopa de couve-flor (ou algum outro vegetal/legume/hortaliça, já que todos pra mim são iguais).
Amanhecendo no dia 1 (também conhecido como “hoje”), lembrei-me da clássica frase de desenho animado americano: “Uma maçã por dia traz saúde e alegria”. Só que no meu caso era um tantinho diferente: “Meia maçã por dia traz saúde mas não alegria”. Sim, eu tinha diante de mim meia maçã. Meia! Metade! Half! Ein halb! Mas como a alternativa era um terço de banana, fiquei com a meia maçã mesmo.
Tudo bem que a meia maçã era acompanhada por uma fatia de pão de forma com pastinha de ricota, mas considerando que eu costumo comer de manhã dois sanduíches de presunto, cada um com duas fatias de pão e toneladas de margarina, senti o baque. Ainda assim, como era tudo o que eu tinha, comi lentamente a meia maçã e o pão. Quanto à pastinha de ricota, virei o minúsculo potinho em cima do amado carboidrato sem nem usar faca: passei a colher mesmo pra garantir que não desperdiçaria nenhum milímetro.
O almoço foi divertido. Novamente um peito de frango anão (duvido que os frangos que eles comprem tenham estatura normal) com uma deliciosa couve-flor (que, logicamente, não sei se era mesmo couve-flor). Comi só o frango. Meu estômago não acredita até agora que o almoço já acabou.
Daqui a pouco vou jantar. Marcamos a opção de janta durante o café e eu podia escolher entre suflê de couve-flor (dessa vez tenho certeza porque estava escrito) ou legumes variados. Deixei em branco. A única certeza que tenho é que, seja lá o que venha, dormirei sonhando com o dia de amanhã, querendo que chegue logo o café da manhã para eu comer minha meia maçã do dia.