Gordo de Raiz

Como sobreviver no transporte público

Crônica originalmente publicada em 1º de julho de 2009 no Papo de Gordo.

Já discutimos várias vezes no Papo de Gordo os problemas dos gordos nos transportes públicos. Um gordo sofre para conseguir se virar no ônibus, no trem, no metrô… Mesmo com as leis que criam cadeiras especiais para os obesos, aqueles gordos que não querem contribuir para o efeito estufa aumentando a frota de carros nas ruas penam com a falta de espaço e o excesso de reclamação dos magrelos.

Para resolver esses problemas, darei uma série de dicas para ajudá-lo a sobreviver no transporte público.

Em primeiro lugar, é bom reforçar uma verdade ainda ignorada por muitas pessoas: Os gordos têm grande facilidade de atravessar multidões. Parece incrível para os magros ou para os gordinhos tímidos, mas aquela “gentarada” que se acotovela para conseguir uma vaga na hora de pico do metrô pode ser atravessada por um gordo sem maiores dificuldades.

Provavelmente isso ocorre pela flexibilidade da barriga, que fica com uma consistência de espuma empurrando as pessoas para os lados enquanto o corpanzil se posiciona alguns passos à frente, forçando sua passagem qual uma força irresistível que compele os magros fraquinhos a se submeterem a sua passagem. Mas eu posso estar apenas divagando.

A questão é: Um gordo, se for suficientemente cara-de-pau, consegue atravessar uma multidão sem maiores dificuldades, se posicionando no lugar ideal para ser um dos primeiros a entrar no metrô ou no trem. Daí, é correr para um lugar com dois assentos livres e ficar por lá à espera de um magro que vai derramar lágrimas pelos olhos ao se imaginar esmagado a cada curva. Problema dele.

Só que isso é verdade se você vive em um país com transporte público decente ou mora perto da primeira estação. No Brasil, especialmente nos grandes centros urbanos, você só encontra assento se ameaçar alguém com um pum. Portanto, o gordo vai ter que ficar em pé, o que não é de nossa natureza.

Não tendo escolha e já imaginando a lata de sardinhas (afinal, a gordura ajuda a atravessar multidões, mas é um problema ao se manter parado no meio dela), o ideal é usar as pernas para criar um espaço imaginário que impeça as pessoas de se apoiarem em você (na hora de uma freada, o gordo passa de força irresistível para objeto inamovível em poucos segundos, sendo o alvo ideal para o suporte de queda das pessoas).

Se você for muito filho da mãe, também pode “esquecer” de passar o desodorante antes de sair de casa e criar uma camada de suor intensificada pela gordura, levantando os braços e o colocando perto das pessoas. Um pum pode resolver também (deu para perceber que o pum é uma das principais armas do gordo moderno, né?).

Claro que pode acontecer o raríssimo caso de uma moça bem formosa e bastante cansada se encostar em você para aproveitar o “fator almofada” de seu corpo. Mas, cuidado, se isso acontecer é melhor se beliscar, já que há 99% de probabilidade de que, na verdade, um peão de obra barbudo e suado esteja encostando o bigodão em seu peito enquanto você dormia em pé.

PS: Outro dia falamos das malditas catracas assassinas dos ônibus e do que pode acontecer com o gordo ecológico que resolve usar uma bicicleta para ir ao trabalho. Coitado.

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