Gordo de Raiz

Gordices em Curitiba

Crônica originalmente publicada em 9 de setembro de 2009 no Papo de Gordo.

Depois de um tempinho em Salvador para participar de um casamento, zarpei para Curitiba, dessa vez para participar de um congresso. Do forno para a geladeira em algumas horas de voo.

Não que Curitiba seja uma cidade muito fria. Já passei por frio pior em Porto Alegre. Mas o problema é que o clima curitibano é de uma esquizofrenia aguda, daí.

Fui preparado para o frio extremo e me deparei com o sol a pino (tranquilo pra mim, mas uma sauna para os locais). Não demorou para ficar absurdamente frio (com paranaenses de camiseta enquanto eu ficava de casaco). O clima estava tão louco que teve um momento em que fez frio e calor ao mesmo tempo!

Também é importante falar da segurança da cidade. Curitiba é tão tranquila que, no meu primeiro dia de passeio aleatório pelo centro, vi quatro policiais fortemente armados e de colete a prova de balas, acompanhados por uma viatura e duas motos, obrigando dois hippies a desmontarem sua “lojinha” na rua XV. Uma cidade que pode dispor de tudo isso pra cuidar de dois hippies que não tomavam banho há meses, realmente não tem maiores riscos, daí.

O transporte também é muito bom. Apesar dos ônibus biarticulados que você tem que pegar depois de entrar em tubinhos parecerem um “metrô com restrições orçamentárias” à primeira vista, eles funcionam muito bem. Sem contar que peguei três ônibus seguidos e só precisei pagar passagem no primeiro. A não ser que eu tenha dado um calote sem perceber, é muito boa essa integração das baldeações.

Bom… Meu parâmetro para segurança e transporte é o Rio de Janeiro, então minha opinião sobre essa área não tem lá muita serventia mesmo…

Mas deixando de lado esses assuntos pouco importantes, vamos ao que interessa a um gordo doido para fazer gordices em Curitiba: A culinária local!

Curitiba não tem praia, não tem serra, não tem estâncias hidrominerais e todos os moradores fogem de lá nos finais de semana e feriados, mas não se pode negar que essa é uma cidade que foi feita para os gordos. Tem praticamente um restaurante a cada esquina, daí!

Eu fiquei besta com a quantidade e variedade de locais para encher a pança. No primeiro dia na cidade, meu guia local, Pablo, me levou para conhecer um petisco que concorria ao melhor de Curitiba num bar perto do meu hotel. No caminho, em apenas três quadras, ele me mostrou uns seis ou sete restaurantes.

No dia seguinte, ainda fui comer um javali no tradicional Bar do Alemão com a galera do Nerd Express. Tudo bem que eu ficava só no guaraná enquanto o pessoal detonava no Submarino (uma cerveja servida num copo gigante com um copinho decorativo dentro), mas valeu pelas músicas germânicas ao fundo e pelo clima local.

Também enchi a pança em um café colonial. Não sei quem estava aflorando mais emoções: Eu, feliz da vida enquanto comia aquela quantidade indecente de doces e salgados, ou a gerente do local, morrendo de medo que eu os levasse à falência. Quem mandou cobrar preço único para gordo?

Não posso deixar também de falar da pizzaria Mercearia Bresser. Além de poder escolher entre massa fina e grossa (afinal, quem gosta de massa fina é apreciador de biscoito, não de pasta), elas vêm altamente caprichadas e com quilos de cobertura. Sem contar que os garçons lhe entregam uma nova fatia assim que você dá a última garfada na anterior, daí.

Outra festa da comilança foi no bairro Santa Felicidade. Nome perfeito para um bairro especializado em gastronomia. Restaurantes gigantescos pra tudo quanto é lado, mais até do que nos outros pontos da cidade.

Em Santa Felicidade, encarei o Velho Madalosso, um restaurante italiano com rodízio de massas e carnes cujo preço traz uma ótima relação custo/barriga. Eles ainda colocaram três pratos de salada na mesa, mas eu não ia desperdiçar um precioso espaço em meu estômago com aquilo enquanto passavam espaguetes, nhoques e rondellis pela minha frente.

Claro que essas (e várias outras, acreditem) farras gastronômicas têm suas consequências. Comi como um rei e, por tabela, fui para o trono várias vezes. Mas um gordo de raiz não pode se negar a comer que nem um animal quando chega a uma cidade tão singular do ponto de vista alimentício. Afinal, Curitiba é uma cidade para se morrer de tanto comer. Na falta de mar, serra e clima normal, eles capricharam na comilança!

Então é isso. Esse é todo o relato que eu tinha para fazer sobre Curitiba… O quê? Palácio de Cristal e Ópera de Arame? Ah, sim, acho que dei uma passadinha por esses lugares enquanto ia de um restaurante a outro, daí.

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